No comboio
Entrou em Queluz-Massamá com um sorriso trocista nos lábios. Eu ía de cabeça baixa, mas espreitei pelo canto do olho porque qualquer coisa me chamou a atenção naquele revisor de cabelo desgrenhado, quase totalmente branco.
Parou no banco à minha frente. "Esqueceu-se do passe?" A rapariga olhou para ele meio a medo, à espera que retirasse a caneta do bolso e começasse a escrever a esperada coima. Não aconteceu. O sorriso abriu-se de par em par, acompanhado de um: "Não há qualquer problema. Da próxima vez, dirija-se a mim ou ao meu colega e diga isso mesmo. Tem 8 dias para apresentar o título de transporte e tudo fica bem. Agora faça uma boa viagem, respire fundo, tire o olhar comprometido e siga feliz!"
Mostrei-lhe o meu passe e ele piscou-me o olho.
E atrás de mim, ouvi dizer: "Dê cá o bilhete que não se pode ir embora sem eu lhe deixar uma marca!" Uma gargalhada e seguiu, com comentários alegres até ao fim da carruagem.
Sorri. Não tinha bilhete mas fiquei marcada.
Se todos fossemos assim tão alegres e compreensivos no nosso dia a dia.....
talvez não houvesse guerra.....
Beijão lua......
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