Fotografia
Ela repara na fotografia dele e aqueles olhos azuis parecem querer dizer alguma coisa que não consegue decifrar. Não se conhecem, mas algo lhe diz que se vão dar bem. Ao vivo, o sorriso é muito mais bonito que o estampado no papel, moldura para aquele olhar azul.
Noites em claro, muitas, tantas, que os dias são pequenos para se beberem em histórias da vida. Ele não consegue adormecer com medo que ela não esteja lá ao acordar. Ela só dorme porque ele a abraça com força e sabe que vai lá estar quando abrir os olhos.
Promessas de mãos, beijos, pele, abraços.
"Ainda temos tanto para viver", ouve-o sussurrar.
Não tinham. Desapareceu como chegou e dele ficou apenas aquela fotografia.
Reencontrou-o anos depois. Mais magro, com a mesma cara de miúdo e aqueles olhos tão azuis. Pelo canto do olho mil perguntas que não fez. Lembrar-se-ia?
4 comments:
Percebo-lhe a dúvida.
Tenho a certeza de que se lembra.
nunca se esquece!
é impossível esquecer as noites abraçadas em que não conseguimos adormecer com medo que outro não esteja lá ao acordar... pelo canto do olho eles procuram-se ainda tacteando os lençois do outro lado da cama.
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