Nesta cidade
Dissesses-me Tu de que cor fizeste os dias para eu distribuí-los na minha paleta das emoções.
Assim, encho as manhãs com pinceladas de verde-escuro e pinto as noites em tons de beringela. Insisto em esborratar as horas com manchas de azul-petróleo, mesmo que diluídas em gotas de verde-maçã.
Inundas-me a tarde de branco, em contraste com os crepúsculos de cinzento e caramelo de dias que já passaram. Saberei descobrir a luz dourada no preto das madrugadas?
Desaguas-me em lágrimas de azul-celeste e eu envolvo-me num sorriso de gomos de laranja. Todos os minutos contam. E talvez eu encontre a exacta dose de lilás no lusco-fusco da Lisboa que anoitece.